BALANÇO MENSAL - OUTUBRO

Entre os diretores que passearam na minha tela durante o mês de outubro, destaco Sidney Pollack, François Truffaut, Tony Scott, David Fincher, Martin Scorsese e Tsai Ming-Liang, nem todos com produções que me agradaram, diga-se de passagem. Dois deles, porém, conseguiram vaga no pódio em um mês sem nenhuma nota acima de 8. Por onde andam os filmes arrebatadores? A procura continua em novembro...

PÓDIO

MEDALHA DE OURO

A noite dos desesperados (Sidney Pollack, 1969)


Uma maratona de dança que premia a dupla vencedora em dinheiro. Movidos por seus sonhos e necessidades, os participantes se entregam a um circo de horrores que ganha repercussão nacional pela televisão. As regras são absurdas, a começar pelo tempo: a cada duas horas, é permitido um descanso de dez minutos. É assim que vamos testemunhando o adjetivo presente no título fazer cada vez mais sentido, e entre os resistentes se encontra uma jovem Jane Fonda que, na pele de Gloria, vai se desfazendo a cada fase da maratona. Tanto Pollack quanto ela receberam indicações ao Oscar, mas não foram premiados. Na categoria de coadjuvantes, porém, Gig Young foi vencedor. Por volta de sua meia hora final, também já estamos cansados e desanimados, como se também fôssemos um daqueles dançarinos para os quais é tudo ou nada.


MEDALHA DE PRATA

Tempo de embebedar cavalos (Bahman Gohbadi, 2000)


É comum associar o Oriente Médio a paisagens desérticas, com suas tempestades de areia e seu calor abrasador, mas o longa de Bahman Gohbadi focaliza neve e muito frio, por isso é tempo de embebedar cavalos, o único modo de aquecê-los para enfrentar longas travessias por entre territórios. Situado na fronteira entre o Irã e o Iraque, o enredo acompanha três irmãos lidando com os males de uma região onde o ódio é força motriz de intermináveis conflitos, e um deles precisa de uma cirurgia o mais rápido possível para garantir sua sobrevivência. Em curtos 70 minutos, sem apelar para o batido recurso da trilha sonora incidental, Gohbadi desperta comoção, e o fato de o ator que interpreta o irmão doente ter o problema na vida real amplifica a força da história. O cineasta foi assistente de direção de ninguém menos que Abbas Kiarostami, e aqui demonstra, intencionalmente ou não, uma filiação ao neorrealismo italiano.


MEDALHA DE BRONZE

Vidas em jogo (David Fincher, 1997)


Metalinguagem é uma das minhas temáticas preferidas. Ao ler que Fincher havia tratado dela no único filme seu que ainda não tinha visto, aumentou a vontade de conferi-lo e saber se me agradaria como outros de sua carreira. O resultado foi tão positivo que estou aqui no pódio falando sobre ele... Na pele de Nicholas Von Orton, sujeito presunçoso que se fia na grana que acumulou em anos, Michael Douglas é cooptado para um jogo que modifica tudo na sua rotina e o faz suspeitar de todos. Como vemos tudo sob a ótica do protagonista, também acabamos por ficar em dúvida sobre as verdadeiras intenções de cada um que atravessa seu caminho, mas a grande reviravolta dos minutos finais coloca as coisas em outra ordem, e é quando o filme vale ainda mais a pena e a tal metalinguagem se revela.

INÉDITOS

LONGAS

330. Absolutamente impossível (Terry Jones, 2015) -> 6.0
331. Muitos homens num só (Mini Kerti, 2014) -> 7.0
332. A noite dos desesperados (Sidney Pollack, 1969) -> 8.0
333. Histórias de cozinha (Bent Hammer, 2003) -> 7.0
334. Baywatch (Seth Gordon, 2017) -> 4.0
335. As boas maneiras (Juliana Rojas e Marco Dutra, 2017) -> 7.5


336. Incontrolável (Tony Scott, 2010) -> 6.0
337. Wilson (Craig Johnson, 2017) -> 7.0
338. O céu de Tóquio à noite é sempre do mais denso tom de azul (Yûya Ishii, 2017) -> 5.0
339. Flame & Citron - Os resistentes (Ole Christian Madsen, 2008) -> 6.0
340. O quarto verde (François Truffaut, 1978) -> 7.0
341. O sul (Victor Erice, 1983) -> 8.0
342. Perigo real e imediato (Philip Noyce, 1994) -> 5.0


343. Pequena grande vida (Alexander Payne, 2017) -> 7.0
344. Tempo de embebedar cavalos (Bahman Gohbadi, 2000) -> 8.0
345. Vidas em jogo (David Fincher, 1997) -> 8.0
346. Garota, interrompida (James Mangold, 1999) -> 7.0
347. O diário de Bridget Jones (Sharon Maguire, 2001) -> 6.0
348. Que horas são aí? (Tsai Ming-Liang, 2001) -> 7.0
349. Ruth & Alex (Richard Loncraine, 2015) -> 7.0


350. Separados pelo casamento (Peyton Reed, 2006) -> 6.0
351. As bem armadas (Paul Feig, 2013) -> 5.0
352. O pranto de um ídolo (Lindsay Anderson, 1963) -> 7.5
353. A cor do dinheiro (Martin Scorsese, 1986) -> 7.0
354. Adivinhe quem vem para jantar (Stanley Kramer, 1967) -> 7.5


355. Cronicamente inviável (Sérgio Bianchi, 2000) -> 8.0
356. Viver é fácil com os olhos fechados (David Trueba, 2013) -> 7.0
357. Timbuktu (Abderrahmane Sissako, 2014) -> 7.5
358. Contatos imediatos do terceiro grau (Steven Spielberg, 1977) -> 6.0

REVISTOS

O leitor (Stephen Daldry, 2008) -> 8.0
Ponto final (Woody Allen, 2005) -> 10.0
Amor a toda prova (Glenn Ficarra e John Requa, 2011) -> 8.0
Um beijo roubado (Wong Kar-Wai, 2007) -> 8.0

MELHOR FILME: A noite dos desesperados
PIOR FILME: Baywatch
MELHOR DIRETOR: David Fincher, por Vidas em jogo
MELHOR ATRIZ: Jane Fonda, por A noite dos desesperados
MELHOR ATOR: Sidney Poitier, por Adivinhe quem vem para jantar
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Katharine Hepburn, por Adivinhe quem vem para jantar
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Sean Penn, por Vidas em jogo
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: John D. Brancato e Michael Ferris, por Vidas em jogo
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Victor Erice, por O sul
MELHOR TRILHA SONORA: Johnny Green, por A noite dos desesperados
MELHOR FOTOGRAFIA: Saed Nikzat, por Tempo de embebedar cavalos
MELHOR CENA: O reencontro de Brooke e Gary em Separados pelo casamento
MELHOR FINAL: Tempo de embebedar cavalos

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